A iniciativa com tema “A matemática e o cotidiano africano: um passeio pela África” visa unir a disciplina à luta contra o racismo

A Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Professor Fernando Mota, situada no bairro de Boa Viagem, promoveu, entre os dias 7 e 9 de maio, a quinta edição da feira de matemática, mas desta vez com uma novidade. A MatemÁfrica 2024 é uma iniciativa inovadora que tem como objetivo principal unir a disciplina de matemática ao combate da discriminação racial, mostrando que os números e as operações não estão distantes dos temas abordados no dia a dia. O tema escolhido foi “A matemática e o cotidiano africano: um passeio pela África”.

A feira visa não apenas ensinar conceitos matemáticos, mas também proporcionar significado aos alunos, trazendo conexões com tradições culturais africanas. Os alunos participantes apresentaram, de forma lúdica, desde a análise de dados estatísticos no Brasil até jogos matemáticos oriundos da África, como a mancala, o tsoro, o achi e o marabaraba. A ideia era cultivar habilidades de raciocínio lógico e estratégico, enquanto exploram a história e a diversidade deste vasto continente. 

“A ideia da MatemÁfrica surgiu seguindo a determinação da Lei nº 10.639/2003, através da qual passou a ser obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, e também da nossa luta constante em combater o racismo. Muitas pessoas esquecem que a matemática nasceu no Antigo Egito, no continente Africano. Com isso, a gente trouxe à tona essa temática social extremamente importante em nossa sociedade de mãos dadas com a disciplina matemática e o resultado foi maravilhoso”, ressaltou o professor de matemática Valfrido Costa.

José Henrique, do 2º ano do Ensino Médio, esteve presente na apresentação cultural de abertura da feira. Ele e seus colegas trouxeram a canção africana Olélé Moliba Makasi. A música é cantada em Lingala, ou ngala, uma língua bantu originária da região centro-sudeste do continente africano, que abrange as áreas da Angola e República Democrática do Congo, que está praticamente morta e a ideia do grupo foi trazer a ancestralidade para os dias atuais.

“Trazer aqui essa música foi muito especial pra gente. Quando você escuta a canção, ela fica ecoando na sua cabeça e, por mais que você não saiba o que ela significa, você tem aquele sentimento. É como se o seu ancestral estivesse vindo até você. Então escolhemos essa música para que, ocasionalmente, o pessoal venha pesquisar mais sobre a língua, sobre a cultura africana”, frisou José.

Já o estudante Lucas Gabriel, do 1º Ano, trouxe junto com o seu grupo a numerologia e as histórias por trás do jogo de búzios. Foi uma grande oportunidade para ele aprender sobre esse jogo sagrado. “O jogo surgiu na Nigéria e nos traz muitas lições. Esse conhecimento que consegui durante as pesquisas foi muito importante para acabar com o racismo que muitos praticam em volta do jogo e da religião. Assim como toda a oração dos católicos e evangélicos, ou qualquer outra religião, o jogo de búzios nada mais é do que uma maneira dos candomblecistas de se comunicarem com seus deuses”, destacou.