Estudantes fazem parte do grupo Dança e Libras, da Erem José Rodrigues de Carvalho, no Cabo de Santo Agostinho

Durante as coreografias e encenações típicas de uma quadrilha junina, estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) José Rodrigues de Carvalho, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, incorporam a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para garantir que cada uma de suas apresentações seja mais acessível. A quadrilha em Libras, pensada especialmente para as tradicionais festividades de junho, é um dos números do grupo Dança e Libras, formado na unidade de ensino em 2022. 

O grupo combina expressão artística com acessibilidade para alcançar todos os tipos de público. A ideia surgiu dos próprios integrantes, quando frequentavam um curso de Libras aberto à comunidade que era ministrado na escola. Araceli Catieli, então professora do curso e atual professora-intérprete de Libras na Erem, topou o desafio de coordenar o grupo, função que desempenha até hoje. “A gente continuou o projeto, independente do curso. Fazemos esse projeto à parte do meu horário de trabalho e do horário de aula deles. Às vezes, ensaiamos até no sábado e no domingo. Eles se esforçam muito”, revela a docente. 

Atualmente, o grupo de dança é formado por 19 estudantes de todas as séries da escola. A quadrilha que prepararam para os festejos juninos tem enredo inspirado na obra “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. Tanto a parte teatral quanto as músicas dançadas durante a performance são acompanhadas pelos sinais da Libras. O grupo foi um dos representantes das escolas da Rede Estadual a abrilhantar a programação do Circuito Literário de Pernambuco (Clipe), etapa Recife e Zona da Mata. O evento foi realizado de 28 de maio a 3 de julho, no Parque de Exposições do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. 

O projeto acabou se tornando um elemento agregador na Erem José Rodrigues de Carvalho, permitindo que estudantes com surdez interajam com os números. “Na escola, a gente tinha alguns alunos surdos e eles não conseguiam se integrar nos movimentos, mas, com a gente dançando, eles conseguiam ver as apresentações, entender o que a gente estava falando. Eu gosto muito de dançar e, por ser uma coisa intuitiva, me toca muito conseguir levar isso para as pessoas que não conseguem ter acesso”, celebra a estudante Sara Beatriz dos Santos, uma das integrantes do Dança e Libras. 

O estudante Danylo Silva, que, assim como Sara, também está no grupo desde o seu surgimento, acredita que aprender Libras expandiu sua visão de mundo. “A gente já era apaixonado por dança, porém a Libras era uma coisa nova.  A gente não sabia o mundo, a dimensão que era. Aprendemos Libras e nos encantamos, Foi abrindo minha cabeça para várias coisas. Com o grupo, a gente apresenta a nossa cultura enquanto levantamos a bandeira da inclusão”, comenta. 

CURSO 

A Secretaria de Educação e Esportes (SEE) oferece, gratuitamente, o curso completo de Libras, do nível 1 ao 4. Atualmente, são 160 turmas ativas em todo o estado. As aulas são ministradas em escolas da Rede Estadual e na sede de algumas Gerências Regionais de Educação (GREs). Novas turmas serão abertas para o próximo semestre. Interessados devem acompanhar o site da SEE (www.educacao.pe.gov.br) para o cronograma de abertura das inscrições.

Fotos: Josimar Oliveira/SEE