Programação contou com palestras, lançamento de livro, rodas de conversa e apresentações culturais realizadas por indígenas

O Circuito Literário de Pernambuco (Clipe) chegou à sua última etapa, na Região Metropolitana do Recife, com uma programação para todas as idades que se estende até o dia 13 de agosto. Antes disso, o circuito passou por Serra Talhada, Caruaru e Petrolina, levando arte, cultura, literatura e protagonismo indígena a todas as regiões do estado. Em celebração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, neste 9 de agosto, a Secretaria de Educação de Pernambuco (SEE) relembra a relevância da temática indígena durante todas as etapas do Clipe 2025.

Fotos: Josimar Oliveira e Demison Costa

Um dos destaques da edição foi a ativista e comunicadora indígena Alice Pataxó, que conversou sobre território, identidade e resistência nas três primeiras etapas do circuito. Em Serra Talhada, o professor Irã Xukuru participou de uma roda de debates no estande da SEE, enquanto o grupo de dança da Escola Indígena Luiz Pereira Leal, localizada em Itacuruba, no Sertão, abrilhantou o palco principal. Já nesta sexta-feira (8), o Clipe Recife trouxe na programação a palestra “Terra, arte e cultura indígena em movimento”, com as professoras Bartira Ferraz e Tatiana Valença, do Laboratório de História Indígena (Lahbi) da Universidade Federal de Pernambuco.

Para Valdemir Lisboa, gerente da Educação Escola Indígena da SEE e cacique do povo Pipipã, o protagonismo indígena em todas as etapas do Clipe 2025 engrandece os povos originários do estado. “Isso fortalece a existência, a resistência, e a presença dos povos indígenas em Pernambuco, fazendo com que ela seja conhecida em todas as regiões. A gente teve a oportunidade de participar, de estar presente, de sugerir e contribuir nas discussões e nas formatações. Isso engrandece o evento, que passa a ter um papel inclusivo, onde estão presentes todas as culturas do estado”, afirma o gestor.

Fotos: Josimar Oliveira e Demison Costa

Lançamento

Durante a etapa de Petrolina, que aconteceu de 14 a 19 de junho, estudantes indígenas da Gerência Regional de Educação (GRE) Sertão do Médio São Francisco lançaram o livro “Os curumins contam”, uma coletânea dos saberes do povo Truká.

A publicação foi produzida de agosto a dezembro de 2024 por estudantes do 9º ano da Escola de Referência em Ensino Fundamental e Ensino Médio (Erefem) Indígena Capitão Dena, Escola Estadual Indígena João Alberto Maciel e Escola Estadual Indígena São Félix. As duas primeiras ficam na Ilha da Assunção, território indígena situado na cidade de Cabrobó e a última, na cidade de Orocó. O livro foi organizado pela professora Nilmara Santos, a partir de uma iniciativa da GRE, e resgata a história do povo Truká a partir de pesquisas de campo, registros de contos narrados pelos anciões e de cânticos entoados pela comunidade.

Fotos: Josimar Oliveira e Demison Costa

A organizadora destaca a construção coletiva do projeto. “Esse é um projeto feito a muitas mãos. Falar do povo Truká é falar da ancestralidade, é reconhecer as nossas raízes. Os estudantes foram entrevistar seus anciãos, ouvir suas histórias e reescrevê-las. Passaram por uma revisão dos professores e coordenadores empenhados no projeto”, explica Nilmara. Segundo ela, o foco da iniciativa foi oportunizar que os estudantes fizessem parte do processo literário e histórico. “Queríamos que os estudantes reconhecessem as suas raízes, a importância dos seus ancestrais, mas que também fortalecessem a escrita como ferramenta de aprendizagem”, explica.

Participante do projeto, a estudante Ana Beatriz Nascimento destaca os aprendizados que teve a partir da iniciativa. “Aprendi a valorizar as histórias que acontecem dentro do nosso território. A gente costuma aplaudir e glorificar as histórias que não são nossas e as coisas que acontecem dentro do nosso território a gente acaba deixando de lado. Então, eu tive o prazer de poder enxergar isso de outra forma”, conta a jovem escritora.

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