Unidades de ensino em todo o estado realizam atividades pedagógicas voltadas ao combate do racismo e à valorização da identidade negra
Até o fim de novembro, a Rede Estadual de Pernambuco celebra o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado nesta quinta-feira (20). Por todo o estado, várias unidades de ensino estão promovendo atividades que evidenciam a cultura africana e afro-brasileira, fomentam discussões sobre o racismo e incentivam os estudantes a serem agentes ativos da luta contra a discriminação racial.
Com programação multidisciplinar desde o fim de outubro, a Escola de Referência em Ensino Fundamental e Ensino Médio (Erefem) Padre Luiz Cassiano, em Petrolina, no Sertão, realizou a 3ª edição do projeto Galhos Concatenados, com o tema “Indígenas e Quilombolas de Pernambuco – do direito a ter direitos”. A edição contou com oficinas sobre letramento racial, autoafirmação e estética negra, e ancestralidade africana, afro-brasileira e indígena, além de sessões de cinema negro e palestra sobre luta pelos direitos de povos originários.
A culminância do evento foi realizada nesta quarta-feira (19), com todas as ações planejadas durante o ano. “Foram dias memoráveis. Tivemos acesso a diversas rodas de conversa, palestras e momentos dinâmicos, como oficinas de tranças nagô e de jogos de matriz africana. Fico lisonjeada em falar que tem um evento tão grande e rico na minha escola, que reafirma a igualdade, a resistência e a cultura desses povos”, comenta a estudante Sabrina Freire, do 2º ano do ensino médio.
No Recife, a Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Pompeia Campos promoveu um evento, nesta quarta-feira (19), com o objetivo valorizar a ancestralidade afro e fortalecer a identidade cultural, promovendo a diversidade, as expressões culturais e a resistência. A iniciativa também estimulou a reflexão sobre identidade, pertencimento e a luta contra o racismo.
A programação contou com apresentações culturais e diversas oficinas práticas, como tranças, percussão, poesia, produção de curtas-metragens e fotografia. Houve ainda uma exposição fotográfica sobre a temática, além de uma feira cultural com bazar e venda de comidas. As atividades envolveram todos os estudantes da escola, as famílias e a comunidade circunvizinha, com o propósito de fortalecer valores, como respeito, igualdade, justiça e antirracismo.
No início de novembro, a escola inaugurou o Núcleo para a Educação das Relações Étnico-Raciais Marta Almeida (NERER), com o propósito de honrar e perpetuar o legado de uma das figuras mais importantes na luta antirracista no país. “O nosso núcleo nasce com a missão de dar voz a esses estudantes. Queremos que eles tragam temas do cotidiano para debate, fortalecendo seu papel transformador dentro da comunidade. Este é um espaço não apenas para discutir fatos do dia a dia, mas também para refletir sobre processos que já estão em curso. A proposta do nosso núcleo é consolidar um ambiente de educação antirracista, mostrando a esses jovens que eles têm voz, poder de mudança e representatividade”, destacou o professor e coordenador do NERER, Jean Pessoa.
Na Erem Padre Zacarias Tavares, em Caruaru, no Agreste, os estudantes participaram de sessões fotográficas e de um desfile que celebra a estética negra. Debates, dança e teatro também integraram a programação do projeto, que já existe na escola há cinco anos.
Protocolo Antirracista
A Secretaria de Educação do Estado (SEE) lançou, em julho de 2025, o Protocolo Antirracista da Educação de Pernambuco. O documento orienta práticas de combate ao racismo nas escolas da rede estadual e fortalecer uma educação antirracista e equânime.
Lançado durante o 1º Seminário da Política Nacional de Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ), o protocolo foi construído considerando o que preconizam as leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008, que torna obrigatório o ensino da história e da cultura africana, afro-brasileira e indígena nos currículos escolares.

















