Paula Tamyres foi uma das 485 profissionais da educação especial convocadas pela SEE em 2025

Nesta sexta-feira, 21 de setembro, celebra-se o Dia Nacional do Surdo. A data, que marca a fundação da primeira escola de surdos no Brasil, em 1857, tornou-se um marco para a comunidade surda brasileira em busca da valorização das suas identidades e da luta pela acessibilidade. Nas escolas da Rede Estadual, estudantes surdos, surdocegos e com deficiência auditiva recebem o suporte de 120 professores instrutores e 354 professores intérpretes de Libras, profissionais essenciais para garantir o direito à educação acessível e de qualidade.

Foi a partir do fortalecimento contínuo da educação inclusiva no estado, com convocação de profissionais e políticas públicas efetivas, como a ampliação do curso descentralizado de Libras, que Paula Tamyres de Melo tornou-se destaque na educação do estado. Aluna egressa da Rede Estadual, ela é a primeira instrutora surda de Libras da Gerência Regional de Educação (GRE) Vale do Capibaribe, atuando no Centro de Atendimento Educacional Especializado de Limoeiro (Caeel). 

Paula é uma das 485 profissionais da educação especial convocadas em 2025, mas, antes disso, foi a única aluna surda da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Doutor Sebastião de Vasconcelos Galvão, em Limoeiro, no Agreste. “Assim que iniciei na escola, senti o impacto de estar naquele ambiente, enquanto surda. Meus pontos de apoio eram as duas intérpretes de Libras que acompanharam o meu processo de aprendizagem, uma pela manhã e outra pela tarde. Elas sempre se fizeram presente, viabilizando minha comunicação e me fazendo sentir parte. Além de todo o trabalho em sala, me ajudando com o conteúdo das disciplinas, elas me motivaram e direcionaram, apresentando caminhos e oportunidades, como fazer o Enem e ingressar na faculdade para realizar o meu sonho de ser professora de Libras”, relembra a instrutora, que concluiu o ensino médio em 2018. 

Uma dessas professoras intérpretes de Libras era Edna Santos. Essencial para auxiliar Paula nos desafios diários, ela foi uma das responsáveis por estimular a estudante a seguir a trajetória dos estudos, reforçando todo o potencial que ela tinha. “Diante de cada desafio, era possível perceber o empenho para conquistar o seu espaço, para aprender os conteúdos básicos. Hoje, reencontrá-la dentro do espaço escolar como minha colega de trabalho, professora e instrutora de Libras da Rede Estadual de Pernambuco é extremamente emocionante. Mostra uma conquista pessoal dela, mas também a importância do que é fazer inclusão, do quanto a acessibilidade pode transformar vidas e garantir espaços”, reforça Edna, atualmente técnica de Educação Inclusiva da GRE. 

Logo após terminar o curso de Letras/Libras, Paula trabalhou três anos como prestadora de serviços na cozinha da Escola de Referência em Ensino Fundamental (Eref) Ereu Galiza, também em Limoeiro, mas nunca perdeu a esperança de atuar na sua área de formação. “Continuei me esforçando, até que abriram as inscrições para a seleção do estado e consegui a vaga. Me sinto muito feliz e realizada. Todos os meus esforços me trouxeram para o melhor lugar que eu poderia estar. Hoje, sinto orgulho em ser a primeira instrutora surda de Libras da GRE”, celebra a nova servidora da gestão estadual. Determinada, Paula segue sonhando com novas realizações. “Concretizar este sonho está me conduzindo ao próximo: fazer a minha primeira pós-graduação, em Educação Especial e Inclusiva. Virão outras, porque eu não vou parar de estudar”. 

Curso de Libras

Em 2025, pela primeira vez, todas as Gerências Regionais de Educação recebem turmas do curso descentralizado de Libras da Rede Estadual, reafirmando o compromisso do Governo do Estado com uma educação inclusiva e bilíngue. Só neste segundo semestre, foram oferecidas 2.686 vagas. 

“Este avanço só é possível graças à efetivação dos instrutores de Libras aprovados no último concurso público, incluindo os candidatos do cadastro reserva. Além disso, o Governo do Estado ampliou o quadro de profissionais por meio de uma seleção simplificada, convocando novos instrutores para fortalecer ainda mais essa política de inclusão”, afirma Sunnye Rose, gerente de Educação Inclusiva da SEE.

A partir da sua Gerência de Políticas Educacionais de Educação Inclusiva (GEI), a SEE também promove uma série de ações formativas junto aos professores de modo síncrono e assíncrono para a difusão da Libras nas unidades escolares e na comunidade durante todo ano letivo. A pasta ainda conta com o Centro de Apoio ao Surdo (CAS), responsável por multiplicar estratégias pedagógicas para atender os estudantes com surdez  e surdocegueira de modo mais exequível no dia a dia escolar.