Representantes de todas as escolas indígenas da Rede Estadual participam do evento para construir documento coletivamente
Coordenadores e lideranças das 163 escolas indígenas da Rede Estadual se reúnem, a partir desta segunda-feira (17), para discutir o Currículo Intercultural das Escolas Indígenas de Pernambuco – Etapa Educação Infantil. O encontro acontece até a próxima quarta-feira (19), em Gravatá, no Agreste do estado.
A secretária executiva de Desenvolvimento da Educação, Ana Lúcia Barbosa, esteve na abertura do evento. “Esse encontro é a prova viva de que a educação se constrói com participação, diálogo e respeito às especificidades culturais. O movimento indígena nos ensina que Currículo é poder e liberdade. É com essa consciência que seguimos, garantindo que a escola indígena seja um espaço de valorização dos saberes tradicionais, de fortalecimento da língua e da cultura e de promoção de cidadania para os povos originários. Que esses dias sejam produtivos, de trocas enriquecedoras e avanços concretos para a educação indígena em Pernambuco”, reforçou Ana Lúcia.
O encontro tem como meta a revisão do material já produzido sobre o Currículo, a fim de subsidiar a concepção e a formatação do documento de acordo com as normas legais vigentes. Durante o evento, ainda será criada uma comissão para as ações finais e publicação do Currículo Intercultural.
Fotos: Josimar Oliveira/SEE
O primeiro dia de atividades iniciou-se com um ritual de abertura, guiado por representantes dos 12 povos indígenas presentes. Em seguida, duas mesas com os temas “O que é uma escola indígena?” e “Educação infantil indígena” reuniram os participantes em torno das discussões. Nos próximos dias, os coordenadores e lideranças das escolas indígenas devem se debruçar sobre a construção, revisão e encaminhamentos finais do documento.
O encontro é promovido pela Gerência de Educação Escolar Indígena (GEEIN) da Secretaria Estadual de Educação (SEE). A GEEIN, ligada à Superintendência de Políticas Educacionais Indígenas (SUPIN) da SEE, foi criada em 2023 para tratar das questões pedagógicas relacionadas às escolas indígenas.
A coordenadora geral da Educação Escolar Indígena do povo Truká, Edilene Pajeú, conhecida como Pretinha, pontuou que a educação infantil é um dos pilares educacionais. “É onde tudo começa, onde os saberes começam a ser sistematizados e carregados no decorrer da trajetória estudantil. Até o ensino médio nas aldeias, os estudantes vão fortalecer suas opiniões, conhecimentos, saberes outros e, a partir daí, vão conseguir se firmar como as futuras lideranças, que vão conduzir os processos da luta pela terra, da luta pela educação específica, diferenciada e multicultural, e da luta pela nossa saúde específica também”, argumentou Pretinha.
A Educação Escolar Indígena, assegurada na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), garante às comunidades indígenas o direito a uma educação diferenciada, específica e bilíngue. Ela contempla todos os níveis de ensino, desde o maternal até o ensino médio, incluindo a Educação de Jovens, Adultos e do Idoso (EJA). Construída em diálogo com a vivência diária dos estudantes, ela leva em conta os seus modos de vida, aspectos sociais, culturais e espirituais.
CONSELHO
A Secretaria Estadual de Educação instituiu uma comissão que vai trabalhar para recompor o Conselho de Educação Escolar Indígena de Pernambuco, desativado desde 2020, e definir a sua nova formatação. A portaria que regulamenta a decisão foi publicada no último sábado (15), no Diário Oficial de Pernambuco.
A comissão é composta por cinco representantes da SEE e cinco representantes da Comissão de Professores Indígenas de Pernambuco (Copipe). A medida reforça o compromisso da gestão estadual com o fortalecimento da Educação Escolar Indígena.