Modalidade oferece aulas adaptadas, valoriza tradições e incentiva a agricultura familiar
A Secretaria de Educação de Pernambuco (SEE) tem ampliado a atenção à Educação de Jovens e Adultos do Campo (EJA Campo). A modalidade oferece aulas adaptadas à realidade rural, valorizando saberes tradicionais e incentivando a agricultura familiar como parte do processo formativo. Além de garantir escolarização, a iniciativa promove a permanência das famílias no campo, qualificando a produção e fortalecendo a economia das comunidades.
Nesta quinta-feira (11), a sede da SEE recebeu uma feira que exemplifica toda essa atenção dada. Foram montados estandes para que os estudantes apresentassem e comercializassem frutas, hortaliças, ervas, medicamentos fitoterápicos e artesanato produzidos em seus territórios, com orientação dos professores. A iniciativa ocorreu em paralelo à Feira de Negócios de Agricultura Familiar de Pernambuco, organizada pelo Instituto Agronômico de Pernambuco, no bairro de San Martin, na zona oeste do Recife, e vai até domingo (14).
De acordo com a gerente de Educação do Campo, Waldênia Leão, o impacto ultrapassa o aprendizado em sala. “Esse é o resultado de uma política educacional voltada para os territórios rurais, que visa não apenas ensinar, mas também aprimorar as habilidades práticas dos estudantes. Assim, eles podem melhorar e expandir as atividades que já desenvolvem em suas propriedades e comunidades”, afirma.



Fotos: Junior Aguiar
Várias feiras também são realizadas com frequência nas cidades onde os estudantes vivem. A EJA Campo ainda marca presença todos os anos em eventos de grande porte, a exemplo da Agrinordeste, organizada pela Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco e reconhecida como o maior evento de agronegócio do Norte e Nordeste.
Dona Edineide Alves, líder do quilombo Estreito, em Itaíba, no Agreste, estuda em um anexo escolar dentro da comunidade. Para ela, toda essa experiência representa um marco pessoal e coletivo. “Quando jovem não conseguimos estudar, mas agora, na nossa idade, a escola do EJA Campo chegou para abrir portas. Eu com mais de 60 anos já aprendi muita coisa que não sabia antes. Temos a chance de refazer o estudo e nos formar”, conta.
Histórias semelhantes também surgem no Sertão. Em Petrolândia, a agricultora Cosma Ferreira, estudante da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) São Francisco. “Para mim é um privilégio participar dessas feiras. A EJA tem me ajudado bastante, principalmente na leitura. Já consigo me expressar melhor e quero progredir cada vez mais. No cultivo também aprendo coisas novas, mesmo sendo uma área que a gente já trabalha na roça, plantando e colhendo. A escola ajuda a melhorar o que a gente já sabe”, relata.

