Régua braille fez com que aluno tivesse acesso ao sistema braille
Na Semana da Pessoa com Deficiência (21 a 28 de agosto), um exemplo de acessibilidade atitudinal por parte de um professor da Escola de Referência em Ensino Fundamental e Médio (Erefem) Pastor Amaro de Sena, em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, vem ganhando destaque. Rosivaldo José Bernardino, da Educação de Jovens e Adultos (EJA), reproduziu réguas braille em bancas escolares para que o estudante cego Markson Félix da Silva, de 39 anos, pratique o sistema diariamente. O gesto empático demonstra o compromisso da educação inclusiva das escolas públicas estaduais de Pernambuco com práticas, atitudes e comportamentos que promovem a participação das pessoas com deficiência na sociedade.
O professor é da disciplina de Física, mas, nos últimos meses, se dedicou por vontade própria a aprender braille por meio de um curso para poder acolher melhor o estudante. O docente teve a ideia de criar as réguas nas bancas escolares com as próprias mãos, para que Markson pudesse ler e escrever por meio de escrita e leitura táteis. “Uma mesa fica na sala de aula e a outra, na casa do estudante. São feitas de madeira. Para ler, o aluno passa os dedos sobre os pontos em relevo, feitos com parafusos”, explica Rosivaldo.
A sensação tátil dos pontos permite que o leitor identifique as letras e palavras. “Markson é uma pessoa muito inteligente, dedicada aos estudos. Decidi ajudá-lo a entender o sistema braille e assim poder realizar os seus desejos. A mesa o ajuda a explorar o mundo da escrita e leitura de forma independente. Dessa forma, construímos um ambiente que aumenta a motivação do aluno. Ele também desenvolverá habilidades para sua vida cotidiana”, conta o educador.
Markson Félix chegou à Rede Estadual de Ensino este ano. Oriundo da rede municipal de ensino, ele nunca teve contato com a régua braille e o gesto do seu professor é de grande importância para a busca dos seus objetivos de vida. “Essa iniciativa foi muito importante para mim, pois, por meio deste material, vou poder ter acesso ao mercado de trabalho, possivelmente na área musical, tendo em vista que sou músico (tecladista), podendo assim traduzir livros e partituras. Sou muito grato”, relata o estudante, que está matriculado no sexto módulo do ensino fundamental.
Sensação tátil dos pontos permite que o leitor identifique as letras e palavras | Fotos: Filipe Jordão
Escola conta com sala de Recurso multifuncional e professor brailista
A iniciativa do professor Rosivaldo reforça o compromisso do Governo de Pernambuco em promover a educação inclusiva nas unidades de ensino. Na própria Erefem Pastor Amaro de Sena, por exemplo, existe uma sala de recurso multifuncional que atende estudantes com deficiência com aulas e atividades adaptadas.
Recentemente, um professor especialista em braille chegou à unidade de ensino para acompanhar Markson Félix em sala de aula. O educador é um dos 38 profissionais especialistas em braille nomeados pela atual gestão. Ao todo, são 119 em todo o Estado. A Rede Estadual também dispõe de 422 intérpretes que atuam nas salas de aulas. Desses, 285 foram convocados pelo Governo de Pernambuco no último concurso.
Educação inclusiva é política pública
A educação inclusiva no ensino público de Pernambuco promove a igualdade de oportunidades e garante que todos os estudantes tenham acesso a um aprendizado de qualidade, independentemente de seus níveis de habilidades. Na rede estadual, existem várias ações, por meio do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que, somadas a iniciativas próprias dos educadores, favorecem o acesso à educação para pessoas com deficiência.
Atualmente, há mais de 14 mil estudantes com deficiência matriculados em toda a rede estadual. Além da presença em salas de aula de professores intérpretes para os estudantes surdos, cegos ou com baixa visão, existe o apoio às matrículas do público-alvo da educação especial, salas de recurso multifuncional, aulas adaptadas, transporte acessível e formações continuadas.
“A nossa política é fazer chegar a educação inclusiva em todos os lugares do Estado. A educação é também um lugar para cuidar das pessoas“, destaca a gerente de Educação Inclusiva, Sunnye Gomes.