Cerimônia marcou a primeira vez que uma mulher foi homenageada principal de uma missa em celebração à cultura vaqueira

Uma celebração da presença feminina na cultura vaqueira florestana. Na última sexta-feira (22), a Escola Técnica Estadual (ETE) Deputado Afonso Ferraz, em Floresta, Sertão do Estado, realizou sua I Missa do/a Vaqueiro/a. A cerimônia marcou a primeira vez que uma mulher foi homenageada principal de um evento dessa magnitude. 

Soneide Vaqueira, protagonista da missa, agradeceu a honraria.“Primeiramente eu tenho que agradecer a Deus e segundo ao pessoal aqui da Afonso Ferraz, a todos que me convidaram. Me sinto muito feliz e muito honrada por ser homenageada pela cidade onde nasci, cresci e estou vivendo”, disse a vaqueira de fama regional e nacional, que já estampou livros, reportagens, documentários e matérias televisivas. 

A celebração seguiu todos os ritos da Missa do Vaqueiro original, surgida no município de Floresta em 1958. Primeiro, os vaqueiros e vaqueiras desfilaram pelas pelas principais ruas da cidade com sua indumentária tradicional de couro, empunhando bandeiras de seus municípios e distritos de origem. Em seguida, uma missa campal foi celebrada no jardim da escola pelo padre Luciano Aguiar. O cantor Dilsinho Vaqueiro, atração local de forró de vaquejada, encerrou o evento com muita festa.  

Fotos: Dênnis Pereira

A atividade faz parte da culminância da disciplina eletiva “Sertão dos/as Encourados/as: memória, história e cultura da vaqueirama florestana”, ministrada pelo professor Paulo Henrique Novaes. Através da lente teórica feminista, a disciplina desenvolveu um processo de pesquisa e imersão na tradição vaqueira e, consequentemente, na gênese da Missa do Vaqueiro de Floresta, buscando compreender qual é o lugar da mulher nessa cultura. 

Jeneffer Severo, aluna da eletiva, se surpreendeu com o resultado do evento que ajudou a organizar. “Foi muito especial ver o nosso trabalho sair do papel. Planejamos tudo na eletiva com o professor. Eu não esperava ver tantas mulheres e homens da cultura vaqueira dentro da nossa escola. Eu nunca tinha ido a uma Missa do Vaqueiro e agora ajudei a planejar uma”, conta a estudante, que elogiou o conteúdo abordado na eletiva. “Aprendi com a Chimamanda (Ngozi Adichieque) que a luta de igualdade de gênero é para todos, tanto para os homens quanto para as mulheres, e que, na cultura vaqueira, cabe tanto Soneide quanto outras mulheres”, considera a aluna do 1º ano do curso de Design Gráfico.