Músico de Nazaré da Mata, até hoje, é recebido nas escolas onde estudou para transmitir a tradição local às novas gerações
Na programação do Carnaval e de outros eventos culturais do nosso Estado, o nome do mestre Anderson Miguel vem despontando ao lado de figuras já consagradas da nossa cultura popular. Aos 28 anos, Anderson é um dos expoentes de uma nova geração do maracatu e da ciranda. Com quase 50 mil seguidores nas suas redes sociais, o músico é mais um talento egresso da Rede Estadual de ensino de Pernambuco.
Durante os anos finais do Ensino Fundamental, ele frequentou a Escola Dom Carlos Coelho. Já no Ensino Médio, estudou na Escola Dom Ricardo Vilela. Ambas ficam na cidade natal de Anderson, Nazaré da Mata, considerada o berço do maracatu de baque solto, ou maracatu rural. “Na Dom Carlos, quando tinha feira de ciências, eu me apresentava cantando maracatu. Em 2008, fiz apresentação com o Maracatu Sonho de Criança. Na época, eu tinha 12 anos e era o mestre dessa nação”, relembra Anderson, que reconhece os professores da época como grandes incentivadores da sua arte.
Anderson esteve imerso nesse universo desde muito cedo. Aos oito anos, ele já seguia os passos da família e participava dos ensaios do Maracatu Cambinda Brasileira, um dos mais antigos de Pernambuco em atividade. Atualmente, Anderson é o mestre dessa nação, que carrega uma história secular e é considerada Patrimônio Vivo de Pernambuco.
Entusiasta da educação, o aluno egresso da Rede Estadual está sempre aberto a convites para compartilhar sua experiência nas unidades de ensino. “Nessas escolas onde estudei, já participei de gincana escolar e de palestras sobre o maracatu e a ciranda. No Dia do Folclore, sempre participo também. Eu sempre fico à disposição, porque é muito importante a gente levar a cultura para as escolas”, considera Mestre Anderson, que ressalta a importância de despertar na juventude o interesse pela cultura de Nazaré da Mata e do maracatu rural.
O gestor da Escola Dom Carlos Coelho, José Pereira, que instituiu as Feiras de Cultura na unidade de ensino, ressalta a importância de trazer alunos egressos de volta ao ambiente escolar. “A gente sempre faz convite aos ex-alunos que podem ser exemplo, que podem incentivar os estudantes, para dar palestras. No caso de Anderson, é importante chamá-lo para incentivar os alunos que queiram seguir na área cultural. A gente busca manter viva a cultura local”, comenta.
Atualmente, além da agenda agitada de apresentações, Mestre Anderson também está prestes a iniciar a graduação em Geografia. Uma das suas motivações é incentivar as pessoas do maracatu rural a seguir os estudos. “Com total respeito à tradição, considero que estudar é importante para poder seguir a vida da nossa cultura. Por isso que agradeço muito a essas duas escolas, Dom Carlos Coelho e Dom Ricardo, porque foi bastante cultural, sabe?”, avalia o músico.